Novidades do Blog
Os Mitos da Respiração no Método Pilates
“Respirar é o primeiro e último ato da vida. Nossa vida depende disso. Visto que não podemos viver sem respirar, é tragicamente deplorável contemplar os milhões e milhões que nunca aprenderam a dominar a arte de respirar corretamente (…)”
Joseph H. Pilates – Return to Life Through the Contrology p. 125-126.
A respiração é uma das ações mais enfatizadas dentro do método Pilates. Seu propósito principal é proporcionar a troca de gases dentro dos pulmões. Porém, o ato de respirar não depende unicamente da necessidade de oxigênio do organismo.
Segundo Blandine (2006), a respiração pode ter o objetivo de acompanhar outras ações, controlar as emoções, tensões corporais, acompanhar ou modificar as sensações de prazer ou dor, ajudar na fala e no canto, ativar órgãos, fechar com mais força a caixa torácica e para atenuar ou acentuar as curvaturas da coluna vertebral.
Há dois tipos de respiração externa: costal e diafragmática. Dentro da aplicação do método Pilates, utiliza-se a segunda como estratégia de estabilização ou facilitação do movimento.
A importância da respiração durante a execução eficaz dos exercícios já é conhecida, porém muito se discute em qual momento inspirar e expirar. E aí? Inspira parado e expira executando?
Para falarmos desse assunto, primeiramente é necessário conhecer a anatomia do corpo humano e sua biomecânica respiratória. Resumidamente abordaremos esse assunto abaixo:
Ativação Muscular da Respiração:
Inspiração: Intercostais externos, diafragma, peitoral menor, esternocleidomastóideo (auxiliando na elevação das costelas), serrátil posterior superior
Expiração: Intercostais internos, serrátil posterior inferior.
Biomecânica da Respiração:
Inspiração: contração do diafragma, expansão da caixa torácica, contração dos intercostais externos e leve extensão da coluna lombar.
Expiração: relaxamento do diafragma, fechamento da caixa torácica, relaxamento dos intercostais externos e leve flexão coluna torácica;
Podemos observar que o movimento natural respiratório gera movimentações pequenas na coluna. Isso significa que a facilitação dos movimentos de coluna e sua estabilização estão diretamente relacionados à forma como se aplica a respiração.
Por exemplo, analisando a biomecânica inspiratória, podemos observar um leve aumento da lordose lombar devido à inserção diafragmática nessa região. Se queremos proporcionar um aumento de mobilização da coluna em extensão, podemos aplicar a inspiração nesse momento. Porém, se o nosso objetivo for proporcionar crescimento axial através do power house durante uma extensão de coluna, a expiração facilitará a estabilização e a descompressão articular.
Tudo depende do objetivo a ser alcançado e se pretendemos facilitar ou dificultar o nível do exercício. Por isso, convidamos vocês a estudarem a biomecânica respiratória mais afundo e aplicarem diferentes respirações a cada exercício conhecido do método. Você terá em mãos uma excelente estratégia de modificação de estímulo!
Vamos praticar! Conheça abaixo a aplicação respiratória original de Joseph Pilates!
Tente executá-la analisando o nível de dificuldade de cada movimento. Depois, inverta a ordem respiratória e analise o nível de dificuldade de cada movimento.
Indicações respiratórias originais de Joseph Pilates encontradas no livro: Return to Life Through the Contrology.
Roll up
Inspire ao iniciar a flexão da coluna
Expire ao inclinar o tronco a frente
Roll over
Inspire ao elevar as pernas para trás e flexionar a coluna
Expire ao retornar à posição inicial.
Double leg stretch
Inspire ao estender o quadril e os joelhos a frente
Expire ao flexionar o quadril e os joelhos
Saw
Inspire na posição inicial
Inspire rotacionando a coluna
Expire flexionando a coluna na diagonal
Swan Dive
Inspire estendendo a coluna a partir da posição inicial
Expire enquanto balança para frente
Inspire enquanto balança para cima
Conte-nos a sua experiência ao realizar os exercícios com a respiração original. E lembre-se: Não existe “respiração errada”! Cabe ao instrutor aplicá-la a fim de facilitar, dificultar, estabilizar ou ganhar mobilidade no movimento, de acordo com seus objetivos.
“Em determinadas atividades, mesmo muito complexas… só a respiração espontânea se
harmoniza bem com o movimento”
(Blandine Calais- Germain).